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Melhores Práticas na Criação de Servidores MCP com Foco em FastMCP

1. Introdução ao Model Context Protocol (MCP) e FastMCP

A interação entre Large Language Models (LLMs) e sistemas externos representa um desafio crescente no desenvolvimento de aplicações de inteligência artificial. Para padronizar essa comunicação e permitir que os LLMs acessem informações contextuais e utilizem ferramentas para executar ações no mundo real, o Model Context Protocol (MCP) surge como uma solução fundamental. Neste contexto, o FastMCP se estabelece como uma ferramenta robusta para a implementação eficiente de servidores MCP, especialmente para desenvolvedores Python.

1.1. O Papel do Model Context Protocol (MCP) na Interação com Large Language Models (LLMs)

O Model Context Protocol (MCP) é um protocolo de comunicação de código aberto que estabelece um padrão para como as aplicações fornecem contexto e disponibilizam ferramentas para Large Language Models (LLMs). Sua importância reside na capacidade de construir agentes e fluxos de trabalho complexos integrados com IA, permitindo que os LLMs se conectem a diversas fontes de dados para obter informações contextuais e utilizar ferramentas para executar ações no mundo real.

A arquitetura do MCP segue um modelo cliente-servidor, compreendendo três componentes principais:

  • MCP Hosts: As aplicações que consomem o conteúdo e utilizam as ferramentas disponibilizadas via MCP, como Ambientes de Desenvolvimento Integrados (IDEs) ou ferramentas de IA
  • MCP Clients: Responsáveis pela manutenção e conexão um-a-um com o servidor
  • MCP Servers: Programas leves que expõem os recursos e capacidades previamente configurados

A proliferação de LLMs e a demanda crescente por agentes de IA capazes de interagir com dados e APIs criaram uma complexidade significativa em termos de interoperabilidade. Sem um protocolo padronizado, cada integração exigiria um esforço de desenvolvimento personalizado e complexo. O MCP atua como uma resposta direta a essa fragmentação, padronizando a "linguagem" pela qual os LLMs acessam e utilizam funcionalidades externas, desempenhando um papel semelhante ao HTTP para a web.

1.2. FastMCP: Uma Abordagem Pythonica para o Desenvolvimento Eficiente de Servidores MCP

FastMCP é um framework Python de alto nível, projetado para simplificar e tornar intuitiva a construção de servidores e clientes MCP. Ele foi desenvolvido para abstrair os detalhes complexos do protocolo e o gerenciamento do servidor, permitindo que os desenvolvedores se concentrem na criação de ferramentas e aplicações valiosas. Sua natureza "Pythonic" significa que ele se integra de forma natural com as práticas e o estilo de codificação dos desenvolvedores Python, utilizando recursos como type hints e decoradores.

Enquanto o SDK oficial do MCP oferece blocos fundamentais para a construção de servidores, deixando muitos detalhes de implementação para o desenvolvedor, o FastMCP é um "framework opinionado". Isso implica que ele incorpora escolhas de design predefinidas, automatizando o código repetitivo ("boilerplate") e integrando as melhores práticas e o tratamento de erros.

FastMCP 1.0 foi incorporado ao SDK oficial do Python, e FastMCP 2.0 é a versão ativamente mantida, focada em fornecer "o caminho mais simples para a produção". Esta versão inclui recursos avançados como proxying, composição de servidores, geração a partir de especificações OpenAPI e novas funcionalidades do lado do cliente, como amostragem de LLM.

1.3. Instalação e Configuração Inicial de um Servidor FastMCP

A instalação do FastMCP é simplificada e pode ser realizada de algumas maneiras. A abordagem recomendada é através do uv, um instalador e resolvedor de pacotes Python rápido:

uv add fastmcp
# ou
uv pip install fastmcp
# ou
pip install fastmcp
# Para verificar a instalação
fastmcp version

Para iniciar um servidor básico, o desenvolvedor cria uma instância da classe FastMCP, geralmente em um arquivo Python, como my_server.py. O construtor aceita argumentos como name (um nome legível para o servidor), instructions (uma descrição para os clientes), lifespan (um gerenciador de contexto assíncrono para lógica de inicialização e desligamento) e tags (para categorizar o servidor).

A execução do servidor pode ser feita de duas formas principais:

# Execução via Python padrão (stdio)
python my_server.py

# Execução via CLI do FastMCP (mais opções de transporte)
fastmcp run my_server.py:mcp
# Exemplo com transporte SSE e porta específica
fastmcp run my_server.py:mcp --transport sse --port 8080 --host 0.0.0.0

A seguir, um exemplo de código para um servidor FastMCP básico:

from fastmcp import FastMCP, mcp

# Criar uma instância do servidor FastMCP
# O nome e as instruções são importantes para o LLM entender o propósito do servidor
mcp_server = FastMCP(
    name="MeuPrimeiroServidorMCP",
    instructions="Este servidor oferece ferramentas para operações matemáticas básicas e um recurso de saudação."
)

# Definir uma ferramenta para adição
@mcp_server.tool()
def adicionar(a: float, b: float) -> float:
    """Adiciona dois números e retorna o resultado."""
    return a + b

# Definir um recurso para obter uma saudação
@mcp_server.resource("saudacao://geral")
def obter_saudacao() -> str:
    """Retorna uma saudação geral."""
    return "Olá! Como posso ajudar?"

# Para execução local via stdio (desenvolvimento)
if __name__ == "__main__":
    print("Iniciando MeuPrimeiroServidorMCP via stdio...")
    # O FastMCP CLI (fastmcp run) é geralmente preferido para mais opções,
    # mas a execução direta é útil para scripts simples.
    mcp_server.run()

2. Componentes Essenciais de um Servidor FastMCP

Um servidor MCP é construído a partir de blocos fundamentais que permitem a interação dinâmica e contextualizada com LLMs. A compreensão desses componentes é crucial para um design eficaz. FastMCP simplifica a definição desses componentes através de decoradores e do uso de type hints do Python.

2.1. Definição e Implementação de Ferramentas (Tools)

As ferramentas em um servidor MCP são a interface primária através da qual os LLMs podem executar ações e interagir com sistemas externos. Elas permitem que os servidores exponham funções executáveis que podem ser invocadas por clientes e utilizadas pelos LLMs para realizar tarefas. Conceitualmente, as ferramentas são análogas aos endpoints POST ou PUT em APIs REST, pois geralmente envolvem a execução de lógica e podem ter efeitos colaterais.

No FastMCP, a definição de ferramentas é simplificada através do uso do decorador @mcp.tool() em funções Python. O framework aproveita as dicas de tipo (type hints) do Python para inferir e definir automaticamente os parâmetros de entrada esperados e o tipo de retorno da ferramenta, o que facilita a criação e manutenção do código.

A seguir, um exemplo de código para uma ferramenta com type hints e retorno estruturado:

from fastmcp import FastMCP, mcp
from typing import Dict

mcp_server = FastMCP(name="ServidorDeVendas")

@mcp_server.tool()
def registrar_venda(produto_id: str, quantidade: int, preco_unitario: float) -> Dict[str, float]:
    """
    Registra uma venda de um produto.
    Calcula o valor total da venda.
    """
    valor_total = quantidade * preco_unitario
    # Lógica para persistir a venda no banco de dados, etc.
    print(f"Venda registrada: Produto ID {produto_id}, Quantidade {quantidade}, Total R${valor_total:.2f}")
    return {"valor_total": valor_total}

A Tabela 1 ilustra o impacto da complexidade das ferramentas no consumo de tokens, um fator crítico para o desempenho e custo em ambientes MCP.

Tipo de FerramentaDescrição da ComplexidadeEstimativa de Tokens por DefiniçãoImpacto Multiplicativo (para 15-20 ferramentas)Porcentagem da Janela de Contexto (Claude)
SimplesSem parâmetros, descrição concisa50-100 tokens750-2.000 tokens< 1%
ModeradaParâmetros básicos, descrição clara100-200 tokens1.500-4.000 tokens1-2%
ComplexaEsquemas aninhados, validações, exemplos detalhados500-1.000 tokens7.500-20.000 tokens5-10%
EmpresarialMúltiplas funcionalidades, descrições extensas, exemplos complexos800-1.500 tokens12.000-30.000 tokens6-15%

Fonte: Adaptado de 7

2.2. Exposição de Dados com Recursos (Resources) e Padrões de Interação com Prompts

Além das ferramentas, os servidores MCP utilizam recursos e prompts para otimizar a interação com os LLMs.

Recursos: Os recursos são utilizados para expor dados que um LLM pode ler ou recuperar, funcionando de forma similar aos endpoints GET em APIs REST. Eles são definidos no FastMCP com o decorador @mcp.resource(), que requer uma string URI para identificação.

Prompts: Os prompts, por sua vez, definem padrões de interação reutilizáveis para estruturar as interações do LLM. Eles são criados com o decorador @mcp.prompt() no FastMCP.

A seguir, um exemplo de código para um recurso e um prompt:

from fastmcp import FastMCP, mcp

mcp_server = FastMCP(name="ServidorDeInformacoes")

# Recurso para obter informações de um usuário específico
@mcp_server.resource("usuarios://{user_id}")
def obter_informacoes_usuario(user_id: str) -> str:
    """
    Retorna informações detalhadas sobre um usuário específico.
    Exemplo: 'João Silva, ID: 123, Email: joao@exemplo.com'
    """
    # Lógica para buscar dados do usuário no banco de dados
    if user_id == "123":
        return f"Nome: João Silva, ID: {user_id}, Email: joao@exemplo.com"
    return "Usuário não encontrado."

# Prompt para resumir um documento
@mcp_server.prompt("resumir_documento")
def resumir_documento_prompt(documento_url: str) -> str:
    """
    Instrui o LLM a resumir o conteúdo de um documento fornecido por URL.
    """
    return f"Por favor, leia o documento em {documento_url} e forneça um resumo conciso."

2.3. Gerenciamento de Contexto e Sessões

A manutenção do contexto e das sessões é um aspecto crucial para a construção de servidores MCP robustos, especialmente para aplicações que exigem "memória" de interações passadas. Diferente de APIs stateless tradicionais, as interações com LLMs frequentemente exigem a manutenção de um "estado" ou "memória" da conversa.

O FastMCP oferece funcionalidades como "Sessions" e um objeto "Context" que fornece às ferramentas e recursos acesso às capacidades do MCP, como relatórios de progresso para tarefas de longa duração. O objeto session (FastMCPSession) descreve sessões de cliente ativas, e uma nova instância de servidor é alocada para cada conexão de cliente.

3. Otimização de Desempenho em Servidores MCP

A performance de um servidor MCP é influenciada por diversos fatores, sendo a quantidade e complexidade das ferramentas um dos mais críticos, especialmente no que tange ao consumo de tokens. A otimização em MCP é uma nova fronteira da engenharia de performance.

3.1. Otimização de Esquemas de Ferramentas e Redução do Consumo de Tokens

Um dos aspectos mais impactantes no desempenho de um servidor MCP é a sobrecarga de tokens (token overhead) introduzida pelas definições das ferramentas. Ao contrário das APIs tradicionais, onde a documentação dos endpoints reside separadamente, as definições de ferramentas MCP devem ser incluídas no contexto do modelo de IA para cada conversa.

Uma definição de ferramenta simples pode consumir entre 50 e 100 tokens. No entanto, ferramentas de nível empresarial, com descrições detalhadas de parâmetros, esquemas de objetos aninhados, validações de enumeração e exemplos abrangentes, podem facilmente consumir de 500 a 1.000 tokens cada.

Para mitigar a sobrecarga de tokens, é crucial uma otimização rigorosa do esquema das ferramentas. Isso inclui:

  • Substituir descrições verbosas por linguagem concisa, mas clara
  • Eliminar exemplos redundantes
  • Utilizar referências a documentação externa em vez de incorporar explicações longas diretamente na definição da ferramenta
  • Considerar o carregamento dinâmico de ferramentas
  • Criar "pacotes" de ferramentas que combinam funcionalidades relacionadas

3.2. Otimizações de Infraestrutura e Sistema para Cargas de Trabalho de IA/ML

Embora o MCP introduza desafios de desempenho específicos para LLMs (como a sobrecarga de tokens), as otimizações de infraestrutura subjacentes continuam sendo cruciais para o desempenho geral do servidor.

Hardware:

  • Processadores com alta contagem de núcleos (24+ threads), suporte a instruções SIMD (AVX512), memória ECC
  • GPUs otimizadas para IA/ML (NVIDIA A100/H100, AMD Instinct)
  • Exceder os requisitos mínimos de RAM em 30%
  • NVMe SSDs para tarefas intensivas em I/O

Software:

  • Sistemas operacionais como Ubuntu Server LTS ou CentOS/AlmaLinux
  • Contêineres (Docker) para isolamento de processos
  • Orquestradores como Kubernetes para escalabilidade
  • Ferramentas de configuração como Ansible, Chef e Terraform

A Tabela 3 consolida as recomendações de infraestrutura específicas para cargas de trabalho de IA/ML:

ComponenteRecomendação ChaveBenefício para Servidores MCP
Hardware
CPUProcessadores com alta contagem de núcleos (24+ threads), SIMD (AVX512), ECC memory, virtualização de hardwareMelhor desempenho em processamento paralelo e isolamento de tarefas de IA/ML
GPUPlacas otimizadas para IA/ML (NVIDIA A100/H100, AMD Instinct); múltiplas placas de médio alcance para inferênciaAceleração de cargas de trabalho de inferência de LLM e escalabilidade horizontal
MemóriaExceder requisitos mínimos em 30%; RAM ECCAcomodar picos de carga, prevenir erros de bit-flip em processamento de dados
ArmazenamentoNVMe SSDs para IO-bound tasks; RAID-10Alta velocidade para acesso a dados e modelos, redundância
Software
OSUbuntu Server LTS, CentOS/AlmaLinuxSuporte robusto, configurações seguras e compatibilidade com ecossistemas de ML
ContêineresDocker para isolamento; Kubernetes para orquestração e políticas de redePortabilidade, escalabilidade, isolamento de processos e segurança de rede
ConfiguraçãoAnsible, Chef, TerraformAutomação e idempotência na configuração e implantação de servidores
Tuning de Sistema
CPU IsolationPinning de workloads ML a núcleos dedicados; cgroupsRedução de contenção de recursos e desempenho previsível para tarefas críticas
HugePagesHabilitar hugepagesMinimização de TLB misses para ingestão de dados de ML, melhorando o acesso à memória
RedeAjustar sysctl para buffers (rmem_max, wmem_max)Maximização do throughput de rede para comunicação entre componentes
Banco de Dados & Cache
CacheRedis ou MemcachedCache de dados de recursos e saídas de inferência de ML, reduzindo latência
PoolingPgBouncer (Postgres), ProxySQL (MySQL)Prevenção de gargalos de banco de dados por gerenciamento eficiente de conexões
Manutenção DBvacuum, reindexação, análise regularesConsistência de desempenho e otimização de consultas
Balanceamento de Carga & Auto-Escalabilidade
Load BalancerNGINX/Envoy; HTTP/2Distribuição de tráfego, otimização de conexões e segurança de borda
Auto-ScalingKubernetes HPA/VPAElasticidade em tempo real para lidar com variações de carga
CDNIntegração para conteúdo estático/artefatos de modeloRedução de latência e carga no servidor de origem

Fonte: Adaptado de 9

3.3. Monitoramento Contínuo e Benchmarking para Performance

Em um ambiente dinâmico de IA onde os LLMs interagem com ferramentas, o desempenho pode degradar de maneiras não óbvias, como aumento no consumo de tokens ou chamadas de ferramenta ineficientes. Por isso, o monitoramento tradicional de infraestrutura precisa ser complementado com KPIs específicos de MCP e benchmarking contínuo para identificar gargalos e garantir que as otimizações estejam funcionando.

É fundamental integrar ferramentas como JMeter ou Locust para testes de carga sintéticos e agendar benchmarks de regressão após cada grande implantação. As métricas de latência e throughput devem ser visualizadas em plataformas como Grafana, e dashboards de SLO (Service Level Objective) devem ser configurados para monitorar o uptime e o desempenho.

4. Segurança Abrangente para Servidores MCP

Dada a capacidade dos servidores MCP de interagir com sistemas externos e dados sensíveis, a segurança é um pilar fundamental em seu design e operação. A natureza dos LLMs e a interação com ferramentas introduzem novos vetores de ataque que exigem uma abordagem de "confiança zero".

4.1. Princípios Fundamentais de Segurança: "Hard Locks" e Gerenciamento de Permissões

O princípio de segurança mais crítico para MCPs é que os "hard locks" (controles de segurança rígidos e programáticos) devem sempre prevalecer sobre prompts e outros controles flexíveis concedidos aos agentes de IA. Embora os agentes de IA tenham flexibilidade para decidir quando chamar ferramentas e quais entradas enviar, as implementações dessas ferramentas — ou uma camada de código que as antecede — devem, em última análise, prevenir problemas de permissão, desde que a identidade do usuário seja autenticada corretamente.

4.2. Autenticação e Autorização: OAuth 2.0, RBAC e Credenciais Dinâmicas

A segurança de um servidor MCP depende fundamentalmente de mecanismos robustos de autenticação e autorização.

OAuth 2.0 e OpenID Connect (OIDC): Esses protocolos fornecem um framework robusto para autenticação baseada em tokens, substituindo tokens estáticos e de longa duração por tokens de curta duração e escopo limitado.

Controle de Acesso Baseado em Função (RBAC): O RBAC controla a autorização atribuindo permissões com base em funções do usuário (por exemplo, viewer, user, admin), substituindo o acesso simplista baseado em token por uma aplicação granular e ciente da função.

Credenciais Dinâmicas e de Curta Duração: É uma boa prática preferir credenciais geradas sob demanda (por exemplo, via HashiCorp Vault, AWS STS) que expiram rapidamente, minimizando a janela de uso indevido em caso de vazamento.

4.3. Proteção de Dados Sensíveis: Prevenção Contra Perda de Dados (DLP) e Detecção de PII

As ferramentas MCP podem acessar grandes quantidades de dados confidenciais em toda a organização. Sem controles adequados, há um risco significativo de exposição inadvertida de Informações de Identificação Pessoal (PII) de clientes, registros financeiros ou informações proprietárias do produto.

Para mitigar esse risco, é fundamental implantar software de Prevenção Contra Perda de Dados (DLP) que possa inspecionar o tráfego MCP em tempo real. As regras de DLP devem ser configuradas para detectar e bloquear a transmissão de dados sensíveis, como números de cartão de crédito, números de previdência social e chaves de API, antes que saiam do ambiente controlado.

4.4. Gerenciamento Seguro de Dependências e Riscos da Cadeia de Suprimentos

O rápido crescimento do ecossistema MCP levou à proliferação de binários potencialmente não confiáveis. Servidores publicados pela comunidade podem ser alvos de backdoors, mal mantidos ou simplesmente abandonados.

É imperativo implementar um gerenciamento rigoroso de dependências com verificação de integridade. Isso inclui a utilização de assinaturas digitais e somas de verificação para garantir que o código não foi adulterado.

4.5. Mitigação de Ataques de Injeção (Prompt, Ferramenta, Comando)

Os servidores MCP, devido à sua capacidade de interagir com LLMs e executar comandos, são suscetíveis a diversas formas de ataques de injeção.

Injeção de Prompt: Os LLMs podem, mesmo sem intenção maliciosa, decidir por ações não intencionais. Um terceiro malicioso pode fornecer um prompt ofuscado que, quando submetido por um usuário legítimo, vaza informações privadas ou executa ações prejudiciais.

Injeção de Ferramenta: Um servidor MCP malicioso pode inicialmente parecer seguro, mesmo com código-fonte e descrições de ferramentas normais. No entanto, as ferramentas podem ser modificadas em futuras atualizações para coletar informações confidenciais ou usar nomes enganosos para enganar o LLM.

Injeção de Comando: Servidores MCP locais têm a capacidade de executar qualquer código. Dependendo de como o cliente MCP passa as informações e como o servidor MCP é implementado, a funcionalidade de execução de comandos pode ser vulnerável a injeção de comandos.

4.6. Criptografia Ponta a Ponta e Gerenciamento de Segredos

Garantir a criptografia ponta a ponta é um aspecto crucial da segurança do servidor MCP. Isso vai além do uso básico de TLS (Transport Layer Security) e exige que cada salto na comunicação seja criptografado, incluindo chamadas internas entre o cliente, o servidor e qualquer vault de segredos.

A Tabela 2 fornece um checklist abrangente das boas práticas de segurança para servidores MCP:

Área de SegurançaPrática RecomendadaJustificativa/Benefício
AutenticaçãoOAuth 2.0/OIDC com tokens de curta duração e escopo limitadoSubstitui tokens estáticos, aumenta a segurança e padroniza o acesso
AutorizaçãoRBAC (Role-Based Access Control) granular no nível da ferramentaControla o que usuários autenticados podem fazer, prevenindo escalonamento de privilégios
CredenciaisPreferir credenciais dinâmicas, de curta duração (ex: HashiCorp Vault, AWS STS)Minimiza a janela de uso indevido em caso de vazamento, evita "tokens root"
Gerenciamento de SegredosArmazenar em vaults dedicados (Vault, AWS Secrets Manager); rotação regular (30-90 dias)Protege chaves de API e outros segredos sensíveis, evita hardcoding
Proteção de DadosImplantar DLP e software de detecção/mascaramento de PII em tempo realPrevine vazamento de informações confidenciais (PII, financeiras) através do tráfego MCP
Gerenciamento de DependênciasVerificação de integridade (assinaturas digitais, checksums); SAST, DAST, SCAMitiga riscos da cadeia de suprimentos, protege contra backdoors e vulnerabilidades em binários de terceiros
Mitigação de InjeçãoValidação rigorosa de entrada; sandboxing para servidores locais; aprovação humana para ações de alto riscoProtege contra injeção de prompt, ferramenta e comando, onde LLMs podem ser enganados
CriptografiaCriptografia ponta a ponta (TLS); mTLS para backends sensíveisGarante a segurança da comunicação em cada salto, incluindo chamadas internas
Logging CentralizadoEnviar logs para SIEM/agregadores; configurar alertas para anomaliasAuditoria do comportamento do agente de IA, detecção proativa de incidentes e análise forense
Resposta a IncidentesPlanos de resposta detalhados; revogação automatizada de chaves; simulações de DRRecuperação rápida e eficaz em caso de falhas ou ataques, minimizando o impacto
Gerenciamento de VulnerabilidadesIncluir MCP em processos de VM; scanners (Trivy, Clair, Snyk); atualizações planejadasProtege contra novas ameaças e garante a segurança contínua da infraestrutura

Fonte: Adaptado de 4

5. Boas Práticas de Design e Manutenção de Servidores MCP

Além da performance e segurança, o design e a manutenção contínua são cruciais para a longevidade e eficácia dos servidores MCP.

5.1. Design Orientado a Fluxos de Trabalho e Usabilidade para LLMs

O design de servidores MCP difere significativamente do design tradicional de APIs REST. Em vez de projetar de baixo para cima a partir de endpoints de API granulares, a abordagem mais eficaz é projetar de cima para baixo, começando pelos fluxos de trabalho do usuário que precisam ser automatizados.

É fundamental experimentar com nomes e parâmetros de ferramentas para otimizar a usabilidade para LLMs. Os nomes devem ser claros e descritivos, facilitando a compreensão do LLM sobre a funcionalidade da ferramenta.

5.2. Nomenclatura e Documentação Claras de Ferramentas

A clareza na nomenclatura e na documentação das ferramentas é um fator crítico para a eficácia do servidor MCP. É essencial fornecer instruções claras e anotações detalhadas para as ferramentas.

No contexto do MCP, a "documentação" de uma ferramenta (sua descrição, parâmetros e exemplos) não é apenas para consumo humano; ela é parte do input que o LLM recebe para decidir como usar a ferramenta.

5.3. Logging Centralizado e Alertas Proativos

Servidores MCP têm a capacidade de executar comandos sensíveis e interagir com dados críticos, tornando o logging adequado essencial para investigar problemas ou suspeitas de segurança. Os servidores MCP devem ser configurados para enviar logs ou eventos para servidores de logging centralizados ou registrar eventos localmente.

É fundamental centralizar os logs de gerenciadores de segredos em um sistema SIEM (Security Information and Event Management) ou serviço de agregação de logs para auditar cada acesso e garantir a rastreabilidade.

5.4. Resiliência, Recuperação de Desastres e Gerenciamento de Vulnerabilidades

À medida que os servidores MCP se tornam componentes críticos em sistemas empresariais, as práticas de resiliência e recuperação de desastres (DR) tornam-se tão importantes quanto para qualquer outra aplicação de missão crítica.

Resiliência e DR: É essencial realizar backups diários (snapshots) para todos os bancos de dados e backups a quente para modelos críticos. Os planos de recuperação de desastres devem ser testados regularmente, com simulações de failover e restauração completa realizadas pelo menos uma vez por trimestre.

Gerenciamento de Vulnerabilidades: É crítico incluir clientes e servidores MCP, juntamente com suas dependências, nos processos padrão de gerenciamento de vulnerabilidades. Eles devem ser atualizados em intervalos planejados com base no apetite de risco da organização.

5.5. Gerenciamento de Mudanças e Documentação Contínua

A natureza dinâmica e a evolução rápida das tecnologias de IA significam que os servidores MCP e suas configurações estarão em constante mudança. Sem um gerenciamento de mudanças rigoroso, a estabilidade e a segurança podem ser comprometidas.

Todas as mudanças devem seguir revisões de pull request de infraestrutura como código (IaC). É aconselhável usar Git hooks para testar configurações YAML/JSON antes do merge, garantindo a validade do código.

A documentação não é um luxo, mas uma ferramenta operacional essencial. Manter um diagrama de arquitetura "vivo" e todos os runbooks e playbooks versionados garante que a equipe tenha acesso a informações atualizadas sobre o sistema.

Referências

  1. Introdução MCP - DEV Community
  2. fastmcp - PyPI
  3. modelcontextprotocol/python-sdk: The official Python SDK... - GitHub
  4. The Ultimate Guide to MCP Servers: Best Options for Building AI...
  5. Welcome to FastMCP 2.0! - FastMCP
  6. A Beginner's Guide to Use FastMCP - Apidog
  7. punkpeye/fastmcp: A TypeScript framework for building MCP servers. - GitHub
  8. the web performance experts - A brief introduction to... - Catch Metrics
  9. Block's Playbook for Designing MCP Servers | Block Engineering Blog
  10. A guide to optimizing performance and security for MCP servers...
  11. Optimizing MCP Tool Performance: Advanced Strategies for...
  12. 6 práticas recomendadas para construir um servidor MCP seguro...
  13. Model Context Protocol (MCP): Understanding security risks and...
  14. Security Best Practices - Model Context Protocol
  15. Securing MCP Servers: A Comprehensive Guide to Authentication...
  16. MCP Security Best Practices: How to Secure Model Context Protocol...